A ave do Paraíso, o "animal de cem
olhos", símbolo da visão de Deus pela alma. Não é só pela impressionante
harmonia de suas formas e pela exuberância de suas cores que o pavão é um
animal constantemente associado à beleza e à perfeição. É também por seu comportamento
altivo e majestoso que o animal conquistou este posto. Mas, além disso, o pavão
guarda outros símbolos mais profundos consigo. Antigamente acreditava-se que
esta ave (que se alimenta de vermes, insetos, sementes e frutos) seria imune a
plantas e animais venenosos, sendo capaz de transformar as toxinas que ingere
nas cores radiantes de suas penas.
Na Índia, o pavão já foi considerado um
animal sagrado. Quem matasse um deles seria condenado à morte. Hoje esse
costume não existe mais, porém dezenas de pavões andam livremente por certos
templos hindus e são alimentados pelos sacerdotes. No budismo tibetano, o pavão
simboliza o bodisatva, aquele que transcende os venenos emocionais como a
raiva, o ciúme, a inveja e é capaz de viver entre as "pessoas
comuns", ajudando-as a alcançar a iluminação, sem se deixar contaminar
pelo mundo.
Na Grécia Antiga, o pavão era um dos
animais de Hera, deidade que regia o casamento. Eles acreditavam que por essa
ligação com a deusa Olímpica, seu corpo não se corrompia após a morte. Tal crença
foi inclusive adotada pelo cristianismo até a época de Santo Agostinho.
Uma curiosidade, é que todo ano, durante
o Inverno, as penas do pavão caem para que nasçam outras novas, recuperando seu
esplendor durante a primavera. Por este motivo, a ave se tornou símbolo de
renovação e mudanças favoráveis, bem como da imortalidade e do renascimento. Os
primeiros critãos adotaram o pavão como símbolo da ressurreição e
representaram-no diversas vezes bebendo do cálice eucarístico.
Na China e no Vietnã o pavão é signo de
fertilidade e prosperidade. Na tradição sufi, ramo esotérico do islamismo, o
pavão possui um importante papel iconográfico. Os sufis contam que quando a Luz
se manifestou e o Self (o Eu Superior) viu sua imagem refletida num espelho
pela primeira vez, ele viu um pavão com sua cauda aberta. Uma bonita história
que tenta traduzir a magnificência e a pureza do Eu Superior através da figura
do pavão.
Os "olhos" na cauda do pavão
abrem um leque de interpretações e significados. Ainda segundo o sufismo, eles
representam as virtudes espirituais irradiadas pelo Olho do Coração. Já a
Teosofia considera o pavão como um “Emblema da inteligência de cem olhos e,
também, da Iniciação. É a ave da Sabedoria e do Conhecimento Oculto",
segundo o Glossário de Helena Blavatsky. O "olho" da pena do pavão
também é associado à glândula pineal, fazendo dela um símbolo sagrado. Ainda
hoje essas penas são usadas como talismãs e proteção contra maus espíritos.
O Pavão e as Deusas:
Hera
De acordo com a mitologia grega, o pavão
era o animal de Hera e ganhou suas marcas em formato de olho graças a uma
mulher chamada Io. Ela era sacerdotisa de Hera, esposa de Zeus. Zeus se
apaixonou por Io e a transformou em uma novilha para protegê-la da ira e do ciúme
de Hera. Hera ficou desconfiada e pediu a Zeus que lhe desse a novilha de
presente. De posse do animal, Hera incubiu Argus, homem coberto de olhos, de
vigiar Io. Zeus, então, enviou um mensageiro para resgatar a sacerdotisa,
matando Argus. Como uma homenagem a Argus, Hera colocou seus "olhos"
no pavão.
Saraswati
Saraswathi é a deusa hindu da sabedoria,
da fala, da poesia, da música e dos estudos, e é quase sempre representada ao
lado de seu pavão, algumas vezes ao lado de seu cisne. Na simbologia de Saraswathi
o pavão possui, surpreendentemente, um significado diferente de todos os
outros. Com sua linda plumagem, ele representa o mundo em toda sua glória e a
ignorância (avidya) advinda da ilusão mundana. Já o cisne, com sua capacidade
de separar o leite das águas, representa a sabedoria (viveka) e o conhecimento
(vidya). O pavão sentado perto de Saraswathi está ansiosamente esperando para
servi-la como veículo. Mas, por seu comportamento imprevisível e seu humor
influenciado pelas mudanças do tempo, Saraswathi utiliza o cisne como veículo e
não o pavão. Com isso, a imagem tenta dizer que devemos superar a ansiedade e a
inconstância para utilizar bem o conhecimento.
texto: Ananda
fonte:
http://pontoom.blogspot.com
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